Saturday 25 February 2012

EUROVISION SONG CONTEST 2012 POLL - VOTE BELOW

Crystall Hall, the arena for the Eurovision Song Contes 2012 in Baku.

Thursday 23 February 2012

ENTREVISTA COM UM POLÍTICO - IMPRENSA FALSA



"A MORTE DE DANTON" ESTREIA EM GUIMARÃES


Miguel Borges é o protagonista desta peça sobre a Revolução Francesa e Silva Melo diz que, sem ele, não teria feito este trabalho

Jorge Silva Melo encenou 'A Morte de Danton' de Georg Büchner

Vão rolar cabeças no Teatro Nacional D. Maria II (COM VÍDEO)

"Nunca tinha pensado fazer esta peça – nunca pensei ter o dinheiro suficiente para dirigir 44 actores em cena”, diz o encenador Jorge Silva Melo de ‘A Morte de Danton’, grande produção do Teatro Nacional D. Maria II para esta temporada e que estreará no Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, no âmbito da Capital Europeia da Cultura, antes de vir para Lisboa – de 15 de Março a 22 de Abril.
1h00

Por:Ana Maria Ribeiro


A peça, escrita pelo alemão Georg Büchner (em seis semanas, quando este tinha apenas 22 anos), inspira-se numa das páginas mais sangrentas da Revolução Francesa: as lutas de poder que se seguiram à instauração da República, com o consequente rolar de cabeças. Literal. Aera que ficou para a História como a do ‘Terror'.

No protagonista, está Miguel Borges, actor que Silva Melo diz ter sido condição imprescindível para querer fazer este trabalho.

"Estava desejoso de voltar a trabalhar com o Miguel e sem ele não haveria peça. Mas tinha de ser algo especial, porque o Miguel Borges não pode fazer papéis secundários", diz o encenador, que escolheu, para contraponto de um Danton delirante e dado aos prazeres da vida, Pedro Gil para dar corpo a um Robespierre moralista e reprimido.

Em cena, dá-se o confronto entre duas formas de ver a vida ("um dilema entre o prazer e a virtude", diz Silva Melo) e elogia-se a morte digna: a de Danton, que luta até ao último momento.

A peça é para ver no Centro Cultural Vila Flor dias 2 e 3 de Março, às 22h00.

Monday 20 February 2012

JOÃO SALAVIZA PREMIADO EM BERLIM


João Salaviza. “É um ano histórico para o cinema português”

Por Vanda Marques, publicado em 20 Fev 2012

No Festival de Cinema de Berlim a festa foi portuguesa com João Salaviza e Miguel Gomes a receberem três prémios

A Palma de Ouro que João Salaviza tem lá em casa ganhou outro companheiro, desta vez é um Urso, também ele de Ouro. Os prémios não vão ficar num alto de uma prateleira, mas “bem guardados” numa gaveta. O realizador de 28 anos conquistou o Urso de Ouro para Melhor Curta- -Metragem, no Festival de Cinema de Berlim. Juntamente com Miguel Gomes, vencedor de dois prémios, fazem deste Berlinale o mais português de sempre. O Urso de Ouro de Melhor Filme foi para os Irmãos Taviani com “Cesare deve morire”. Falámos com Salaviza que ainda está em Berlim e já está a trabalhar no próximo filme.

Estava a espera de receber este prémio?

Não, porque achei que o meu filme tinha um perfil bastante diferente dos outros que eram mais experimentais. A minha curta é talvez o filme mais simples que fiz até hoje. Além disso, não recebi nenhuma indicação do festival de que eu ia ter qualquer menção.

Isso costuma acontecer? Em Cannes recebeu alguma dica?

Desconfiei um pouco porque mesmo antes do início da cerimónia soube que outros portugueses foram convidados para estarem presentes e só havia um filme português em competição. Desconfiei que podia ter uma menção ou algo assim.

Como é que “Rafa” se distinguiu das outras curtas?

No fim do festival conhecemos o júri, e no jantar no fim da cerimónia, falei com os três membros. Eles disseram-me que se destacou pelo minimalismo e simplicidade. O facto de não forçar as emoções, de ter dado espaço à personagem principal para existir sem que o cinema force ou condicione as emoções.

O que significa este prémio?

É um dos festivais mais importantes do mundo, conquistar o prémio em Berlim tem um peso enorme, especialmente neste momento, não só a nível pessoal, mas também para o cinema português. Tenho consciência de que posso fazer os filmes que faço porque tenho um legado atrás de mim, a quem eu devo muito, que são todos os realizadores portugueses. Aliás Miguel Gomes referiu isso quando recebeu o prémio. Desde os anos 60 que os realizadores portugueses têm feito filmes, e parafraseando Miguel Gomes, com independência do poder político e económico. E é por isso que o cinema português continua a manter a sua especificidade. Hoje, é ainda mais importante porque está a ser discutida a nova lei do cinema e é muito importante que vá para a frente.

Porquê?

Se esta lei não for aprovada é a estagnação do sector. O cinema português tem sido mal tratado por sucessivos governos, não há financiamentos, e tem de haver. Que venham através da taxa sobre a publicidade, dos operadores privados, de uma taxa sobre a bilheteira, sem financiamento deixa de existir. O que é importante é acreditar que o novo governo está a tentar encontrar formas alternativas de financiar o cinema. Considerando o número tão reduzido de filmes que são feitos esta discussão da falta de público e de interesse é uma discussão completamente falaciosa e obsoleta.

Como assim?

Os filmes portugueses são vistos pelo mundo inteiro. O filme do Miguel Gomes acabou de ter alguns milhares de espectadores, a minha curta também. Em Portugal quando os filmes são bem tratados e bem promovidos, como foi o caso do “Sangue do Meu Sangue”, [João] Canijo, ou “O Filme do Desassossego”, do [João] Botelho, existe um público que está sedento.

Porque dedicou o prémio ao governo?

Obviamente que o fiz para alertar para a importância do prémio e ao mesmo tempo dediquei-o ao governo na condição de não voltarem atrás na lei que está a ser discutida.

Esta curta foi uma co-produção luso- -francesa. Porquê?

Surgiu porque chegámos à conclusão que era preciso mais dinheiro para fazer o filme. O dinheiro da co-produção foi utilizado para a pós-produção, que foi feita em França.

Foi um investimento muito grande?

É um valor público, o apoio que recebi do Instituto do Cinema anda à volta dos 40 mil euros, um valor semelhante ao do “Arena”. O apoio francês foi um valor um pouco menor e foi utilizado para a pós-produção.

Quando vai estrear “Rafa”?

Ainda não sabemos, mas brevemente. Temos pretensão de estrear o filme nas salas, como “Arena”, embora tenha uma duração maior, de 25 minutos, o que pode dificultar a estreia como complemento de uma longa.

Portugal sai muito bem representado deste festival.

Acho que é um ano histórico para o cinema português. O Miguel Gomes sai daqui com dois prémios que são importantíssimos, o “Rafa” sai com um Urso de Ouro. Se considerarmos o número tão reduzido de filmes que fazemos em Portugal, só ir a Berlim competir com filmes norte-americanos, alemães, espanhóis, ingleses, países que fazem centenas de filmes, é uma proeza. Sairmos com três prémios é... quase esquisito. Há alguma coisa especial à volta dos filmes portugueses.

Sabe onde vai pôr o prémio? Ao lado do de Cannes?

Não tenho um sítio especial. Tenho-o dentro de uma gaveta, bem guardado. Não acho muito bonito ter a coisa assim à mostra.

O que se segue?

Vou voltar ao processo de reescrita da longa-metragem que vou filmar no fim do ano. A longa vai andar à volta dos mesmos temas que tenho explorado. Vai ser um filme pequeno sobre uma família e a sua convivência enquanto indivíduos.

Numa altura como a que vivemos em Portugal, este prémio é mais especial?

Às vezes digo que os prémios são adereços, mas na prática é bom que se gere esta onda de entusiasmo à volta do meu filme e do “Tabu” do Miguel Gomes. Acho que é nesta altura que se tem de investir na cultura.

Porquê?

A cultura é um pilar da democracia, uma ferramenta do pensamento. Só existimos enquanto povo graças à nossa cultura, porque as fronteiras mudam, as pessoas que vivem num país saem e entram, mudam. Tudo é efémero menos a cultura.

Sunday 19 February 2012

EUNICE MUÑOZ: 83 ANOS DE CARREIRA


Eunice Muñoz: 'Dei a minha vida ao meu país'

Estreou em Oeiras e seguiu até Madrid. Agora, O Cerco a Leninegrado está em cena no teatro São Luiz, em Lisboa, até dia 19. A peça assinala os 70 anos de carreira de Eunice Muñoz.

Em Janeiro estreou-se nos palcos espanhóis, com a peça O Cerco a Leninegrado, depois de 70 anos de carreira. Como correu?

Muito bem! Tinha legendas em espanhol, mas havia muitos portugueses. Fomos acarinhados, não houve noite em que não nos viessem cumprimentar. Apareceu até uma colega espanhola, que já tinha feito o meu papel, e o José Mourinho! Fiquei muito contente, admiro-o profundamente. Disse-me que há um ano e meio que não saía de casa à noite e saiu só para ir ver a peça. Ele e a mulher já tinham estado na Miss Daisy, em Setúbal.

Mas a ida a Madrid é mais especial porque tem a ver com o seu passado familiar?

Pois é. O meu pai e o meu avô eram espanhóis, de Madrid. Gosto muito da língua e da sua maneira de ser e olhar para as coisas. Seria bom que nós, portugueses, tivéssemos um bocadinho deles, como o orgulho e amor que têm ao seu país. Já estive na Índia, em Macau e no Uruguai. Mas não tenho uma grande atracção pelas lonjuras. Quando estou fora gosto, mas nunca me apetece ficar. Fico com saudades de Portugal, dos meus amigos e da família.

Esta era a peça que queria fazer no ano em que celebra os 70 anos de carreira?

Esta peça aconteceu. Há muito tempo que o encenador, o Celso [Cleto], me tinha feito este convite, portanto sabia que, quando acabasse o Comboio da Madrugada, ia começar os ensaios desta peça. Na altura nem me lembrei que eram os 70 anos.

Relação muito próxima?

Sim, sou amiga dele há anos. E um dos sucessos da minha vida foi a Miss Daisy, dirigida por ele, um espectáculo que correu muito bem, com uma tournée longa. Ele é das poucas pessoas que arrisca fazer uma tournée hoje em dia. É tão difícil. Os atrasos nos pagamentos são enormes.

E as perspectivas são que piore.

Sim. Nem podemos estar a pensar muito nisso, senão ficamos fechados em casa. Temos que lutar, o que fazemos temos de fazer o melhor possível. Para os mais jovens as coisas estão muito difíceis, em alguns casos dramáticas.

Prefere esse discurso mais optimista do que o outro de que a cultura em Portugal vai acabar?

Ai, sim! Não se chega a nada a dizer que a cultura vai acabar. E acho isso um exagero. Temos é de andar para a frente. Não é inconsciência da minha parte: também tenho filhos e problemas na família ao nível do emprego. Mas não resulta enterrarmos a cabeça na areia e ficarmos a chorar.

O que conta esta peça?

A história tem a ver com o teatro e as nossas lutas. São duas mulheres que estão num teatro em risco de demolição. Estão ali há mais de 20 anos, a Maria José [Pascoal] é uma actriz, eu sou a mulher do director da companhia. A luta delas é conservar o teatro.

Esta peça foi filmada para ser emitida na RTP, recuperando uma tradição antiga.

Seria tão bom que a RTP recuperasse essa tradição! Na minha geração há a maior saudade desses tempos do teatro na televisão.

O teatro continua a ser a casa onde se sente melhor?

É uma coisa que me é tão familiar… Não me sinto mal na televisão, mas é outra coisa o calor do público no teatro, o sentir se está agradado, se está atento…

Disse que nem se apercebeu que os seus 70 anos de carreira se cumpririam este ano…

Pois não, não pensava nisso. Não gosto de estar enredada nas coisas que dizem sobre mim. Há anos que luto contra essas coisas todas lindas que dizem de mim.

Por que se sente tão pouco confortável com os elogios?

Não está na minha natureza. É complicado porque, por outro lado, até podem pensar que isto é pose. Mas eu é que sei o que sinto.

Então como sentiu a Condecoração atribuída pelo Presidente da República?

Gostei muito. Foi a segunda condecoração dele em pouco tempo, a primeira foi no 10 de Junho. Senti-me honrada. Tudo isso me toca, mas toca-me sempre com olhos abertos. Já dei muito ao meu país, dei-lhe a minha vida.

E o país retribuiu?

Sim… Mas por outro lado sucederam coisas surpreendentes como quando eu, o Ruy de Carvalho, a Fernanda Borsatti e o Jacinto Ramos, que já partiu, fomos mandados embora do Dona Maria, depois de lá ter estado mais de 23 anos.

Foi o seu momento mais triste?

Foi. Houve muito pouco respeito por nós. Isso não esqueço.

Numa entrevista disse que continuará inquieta até Deus a levar. Não pensa em parar?

Ainda não. Mas já são 83 anos, qualquer dia terei de parar, quando deixar de funcionar e tiver dificuldades físicas. Trato-me o melhor possível porque gostaria de fazer mais, mas chegarei até onde puder chegar. Por enquanto tenho vontade de continuar e tenho projectos: voltarei ao Dona Maria com o Comboio da Madrugada (de 10 de Maio a meados de Junho), está pensado fazer com o Filipe La Féria As Árvores Morrem de Pé e no Verão começo mais uma novela na TVI.